Evento tem como objetivo contribuir para a promoção de processos de governança inclusiva da terra e dos territórios a nível regional e no Brasil, uma das maiores economias do mundo
Caruaru sediará nos dias 27 e 28 de setembro o Fórum Internacional da Terra (Land Forum 2017), na Faculdade de Filosofia e Letras de Caruaru (Fafica), das 8h às 18h. O evento traz uma reflexão sobre o papel central da sociedade civil organizada na luta pelo direito e por uma governança inclusiva de terras e territórios em um contexto global de mudanças climáticas. Esta edição do fórum traz como tema principal a Governança Includente da Terra e dos Territórios em face das Mudanças Climáticas: o papel central da Sociedade Civil Organizada.
A cidade de Caruaru foi escolhida pela importância que tem no Estado de Pernambuco, além de sediar importantes movimentos sociais, redes e várias universidades. A capital do forró, como é conhecida, possui uma grande riqueza cultural. Por isso, a organização decidiu levar esse importante evento para Caruaru, permitindo a participação de um maior numero de pessoas que vivem nas áreas rurais do Agreste e do Sertão. Além do mais, viram a oportunidade de participar e apoiar o Festival de Cultura Latino-Americana promovido pela Asces Unitas, paralelamente ao Fórum, permitindo à(o)s participantes um maior intercâmbio e integração com as diversas expressões culturais da América Latina.
Na programação do evento estão previstas palestras sobre o contexto latino-americano e a situação das mulheres, povos indígenas e jovens na região. Em seguida, serão abertos debates que promovam discussão sobre os diversos eixos relacionados ao tema principal do Fórum. Ao todo serão 220 representantes de organizações e instituições ligadas à temática da terra de vários países da América Latina e Caribe – movimentos sociais, redes, organizações de mulheres, organizações camponesas, ONGs, centros de pesquisa, agências multilaterais, entre outros.
Segundo a coordenação do evento, o objetivo é criar um espaço onde a(o)s participantes possam construir um diálogo, com base na análise do contexto e nas perspectivas de setores-chave: trabalhadora(e)s urbanos e rurais, camponesa(e)s,, ativistas dos movimentos sem-terra e dos movimentos de luta por moradia, quilombolas e povos indígenas. O evento incluirá também sessões de discussão, feira de boas práticas, oficinas de metodologias, todas relacionadas ao tema do fórum.
Durante todo o fórum e, em todas as sessões, será garantida a participação de ativistas e representantes dos diversos movimentos de mulheres e feministas: negras, indígenas, agroecológicas, urbanas e LGBT, garantindo assim uma discussão que trate da imensa desigualdade de gênero e das diversas formas de violência a que as mulheres são submetidas na sua vida cotidiana.
O Fórum 2017 é parte das atividades anuais da Coalizão Internacional para a Terra –ILC e está sendo realizado pelo Espaço Feminista, membro da ALC da ILC, com o apoio da Prefeitura de Caruaru, da Secretaria de Mulheres de Caruaru, Secretária de Agricultura Familiar do Estado de Pernambuco, Secretaria das Mulheres de Pernambuco, Faculdade de Filosofia de Caruaru – Fafica, Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES), Plataforma Semiárido da América Latina, entre outras organizações.
CONTEXTO – O Fórum Internacional da Terra chega ao Brasil, pela primeira vez, pelo fato do país ser uma das maiores economias do mundo onde persistem altas taxas de desigualdade em relação à propriedade da terra. É aqui onde as grandes propriedades são apenas 0,91% do total das propriedades rurais, mas controlam 45% da área agricultável do país.
Por outro lado, as propriedades com uma área de menos de 10 hectares representam mais de 47% do total de propriedades do país, mas ocupam menos de 2,3% da área agricultável total. Existe um problema ainda mais grave em relação à desigualdade de gênero nas áreas rurais. São os homens que controlam a maioria das propriedades rurais e com maior extensão: controlam 87,32% de todas as propriedades, que representam 94,5% de todas as áreas rurais brasileiras. No outro extremo, as mulheres representam quase o dobro do número de produtoras rurais sem terra em relação aos homens – 8,1% contra 4,5%, respectivamente.
Representantes de movimentos sociais que estarão no fórum:
– A Via Campesina Internacional, que estará na mesa de abertura;
– O MST (lideranças nacionais, estaduais e camponeses e camponesas dos territórios),
– A Comissão Pastoral da Terra – CPT que além de participar nos painéis e na feira de boas praticas, vai apresentar a metodologia utilizada no relatório anual de Conflitos no Campo;
– A Confederação dos Trabalhadores da Agricultura – Contag
– A União Nacional por Moradia Popular, novamente estamos trazendo lideranças nacionais e locais;
– O Movimento de Mulheres e as suas redes, como a FDIM e a Articulacion Marcosul;
– O Movimento de Mulheres Negras
– O Movimento Quilombola (1 liderança nacional e representantes locais);
– O movimento indígena com representação de varias etnias;
– O Movimento Agroecológico novamente em suas várias redes e articulações (ABA, ANA);
– O Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste – MMTR/NE com lideranças locais e regionais;
– A Articulação Nacional de Pesca Artesanal e a Pastoral da Pesca
– A ASA – Articulação do SemiÁrido que traz grupos de mais de um Estado do NE;
– O MAMA – Movimento Articulado de Mulheres da Amazonia com duas lideranças;
– O Movimento de Mulheres Municipalistas;
– . Além de representantes de organizações, redes e centros de estudo de15 países da ALC
Presenças de destaque:
Michael Taylor – Diretor-executivo da Coalizão Internacional para a Terra – ILC (Roma)
Leonardo Bichara – CPO do FIDA Brasil
Dra. Maria Betânia Ávila – SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia e Articulação Feminista Marcosur
Raquel Lyra – Prefeita de Caruaru e representante do Movimento de Mulheres Municipalistas
Maria das Graças Xavier – dirigente da União Nacional de Movimentos Populares e da rede Habitat Brasil.
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