Após dias de quarentena ‘dentro de casa’ por causa da pandemia da Covid-19, chegou o momento de muitas pessoas voltarem às ruas. Isso porque, várias atividades econômicas foram reabertas. E algumas pessoas sentem-se muito inseguras em voltar a circular nas ruas e retomar o convívio social por mais que queiram. Isso se deve a sentimentos de angústia e receio, que alguns indivíduos desenvolveram, e que a psicologia chama de Síndrome da Cabana.
E para um melhor entendimento sobre essa síndrome, o blog ValeriaeVocê foi bater um papo com o Psicólogo Clínico com especialização em Psicoterapia Psicanalítica, Dinamérico Vicente de Paula.
V&V.: Como surgiu o termo “síndrome da cabana”?
D.V.: Esse termo tem sua origem em 1900, no norte dos Estados Unidos, quando algumas pessoas que passavam o inverno confinado em suas cabanas, devido ao frio e a neve intensas, temiam sair de casa e voltar às suas atividades corriqueiras, quando o inverno acabava. Preferindo ficar na cabana. Contudo, a síndrome da cabana não tem reconhecimento ou respaldo científico.
Para entender melhor estas colocações, se faz pertinente trazermos alguns conceitos. Segundo o dicionário significados.com.br: “síndrome é um termo bastante utilizado em Medicina e Psicologia para caracterizar o conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada patologia ou condição. A medicina indica que uma síndrome não deve ser classificada como uma doença.” Portanto, o que podemos dizer sobre a síndrome da cabana é que são sintomas apresentados em pessoas que passaram muito tempo em confinamento. Causando-lhes ansiedade e medo de sair de casa.
V&V.: Como a psicologia poderia explicar a síndrome da cabana, ou o comportamento atual apresentados por pessoas, que neste período de pandemia, estão com medo de sair de casa e de voltar as suas atividades cotidianas?
D.V.: Primeiramente, vemos duas situações distintas. No caso da síndrome da cabana, classificada em 1900, nos Estados Unidos, temos uma situação de habituação que ocorrera em um longo período de inverno, imposto por intempérie da natureza e a resposta metabólica é adaptativa. Que para voltar à normalidade iria requerer um tempo de adaptação, para uns requerem um tempo maior outros requerem um tempo menor de adaptação.
No que diz respeito a pandemia do Covid-19 e as restrições de confinamento, nos dias atuais. O que percebemos são grupos distintos que aceitam as restrições e outras que não as aceitam. Más, o que tem por traz desse dilema, me parece, não são questões de saúde pública, encarada pelas classes que lidam com a saúde pública. São interesses particulares ou político-partidário. Apoiado pelos meios de comunicação de massas, fazendo uso da televisão, internet, rádio, etc.
Portanto, os sintomas de medo de sair de casa, do contato com pessoas, e comportamentos compulsivos de higienização das mãos e uso de equipamentos de proteção individual da área de saúde, apresentados neste período de pandemia, são respostas cognitiva e comportamentais a aceitação das normas, para quem os cumprem; e, negação dessas normas ou parte delas, deixando de usar. No primeiro caso teremos, como já se observa nos consultórios de psicologia, aumento na demanda de paciente com transtornos de ansiedade com agorafobia e compulsivo. No segundo caso, o afastamento do outro, devido as normas de afastamento social, traz como consequência, sofrimento psíquico relacionado aos transtornos do humor.
Historicamente não se pode comparar um fato antigo com acontecimentos contemporâneos, pois corremos o risco, inexoravelmente, de querer resolver os problemas atuais da mesma forma como foram tratados à época. O que demonstra com isso que não houve evolução social ou científica, quiçá acúmulo de informação.
Dinamérico Vicente de Paula – CRP 02/18520.
Psicólogo Clínico com especialização em Psicoterapia Psicanalítica
Rua Vereador Elias Torres, 39. Empresarial Serramar, 1º andar, salas 105. Centro. Gravatá PE.
E-mail: dinamerico_psicologo@outlook.com . Fone: (81) 9.9142-0560 / (81) 9.9200-1661.
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