Em pleno “Janeiro Branco”, mês que reforça a conscientização sobre os cuidados com a saúde mental, acompanhe o esclarecer melhor ao blog ValériaeVocê do Psicólogo e Psicanalista Dr. Pierre Garcês sobre:
Educação e Saúde Mental: existe uma “normalidade” para que se possa ter uma metodologia de tratamento?
O termo Saúde Mental em psicanálise é pensar o sujeito além do que seria normal ou patológico levando a prática psicanalítica diferenciada de outros campos da ciência porque ela vê esse sujeito em constituição.
É tão interessante essa preocupação sobre saúde mental que Freud quando perguntado sobre normal dentro do campo psíquico ele falou que uma pessoa saudável é aquela capaz de amar e trabalhar. Então, o amor era visto por ele como o resultado de um trabalho em desenvolvimento na clínica para todo e qualquer sujeito que entrasse em análise com o terapeuta independente de seus traumas, transtornos etc.
Na verdade, nós como psicanalistas não nos preocupamos muito com o diagnóstico do sujeito porque cada um é único na clínica. O campo da saúde mental em psicanálise não é experimental no sentido bioquímico ou do ser biológico, mas, clínico através do discurso do sujeito. Algumas pessoas têm receios da prática psicanalítica pelo medo de se deparar com a ambivalência que existe dentro de si.
Porque o homem é por natureza um ser dividido: aquele que quer e não quer; ama e odeia; é e pode deixar de ser. E o que determina essa ambivalência é justamente o Inconsciente. Então existe sempre uma resistência do sujeito logo no começo do tratamento.
Dessa forma, não existe uma educação nem uma metodologia que possa ser aplicada para uma determinada população de pessoas com problemas mentais a não ser uma clínica singular onde as pessoas sejam atendidas individualmente.
Sendo assim, não há um corpo e uma mente separados, mas sim integrados ao qual chamamos de Subjetividade. O mental não está só no cérebro, mas nas representações psíquicas dele criadas e transmitidas em todo o corpo. Esse Corpo- Sujeito é animado pelo Desejo.
É o desejo que nos mantém firme para vida. Por isso que a clínica psicanalítica é chamada de Clínica do Desejo pois é lá que o sujeito vai se deparar com aquilo que o implica tanto, em sua vivência. Então, corpo e afeto são trabalhados dentro do consultório onde cada uma fala aquilo que incomoda a partir de seu trauma.
Quando o mental se traumatiza o corpo torna-se mórbido. Daí vem o termo Corpo Pulsional que é um conceito limite entre o somático e o psíquico. Independente da estrutura psíquica do sujeito, seja ela neurótica, psicótica ou perversa, o sujeito terá sempre um lugar na clínica psicanalítica, pois as estruturas não são tratadas como anormalidades, mas sim, como uma forma do sujeito se posicionar diante do Outro.
Esse “Outro” que é o social, a linguagem ou tudo aquilo que é externo a nós, terá outro olhar na clínica depois do trabalho terapêutico. O sujeito na clínica é chamado para produzir uma Outra Cena diante daquilo que causa angústia. O bem-estar psicossocial começa na clínica da escuta de cada sujeito com sofrimento psíquico. O sujeito na clínica aprende a se posicionar de outra forma diante do mal-estar na contemporaneidade.
Robespierre de Lima Garcês (Pierre Garcês)
Psicólogo e Psicanalista em Gravatá, PE
Consultório Particular
“Janeiro Branco” é tema de palestra no Centro de Saúde Fernando da Veiga Pessoa – Posto I
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