Entrevistas

Raminho Coiffeur e suas particularidades – Top 5 anos

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Quem está sentado comigo na Sala de Visita do blog ValériaeVocê  é Raminho Coiffeur. Um convidado cheio de particularidades, que numa conversa muito descontraída vai falar da sua diversidade. O que para muitos, extrapola identidades tradicionais.

V.F.: Quem é Raminho Coiffeur?

R.C.: Um gravataense de quatro irmãos, com uma infância reprimida, mal compreendida. E verdade, eu queria liberdade, queria brincar, queria me expressar e fui castrado. Ainda hoje, eu não tenho liberdade. Por certos conceitos, princípios, valores que eu acho que prejudicam a individualidade, o intelecto das pessoas.

V.F.: Então como é você para as pessoas que te olham

R.C.: Sou do jeito que elas me veem, eu acho que não sou do jeito que as pessoas dizem. Eu preencho o outro da forma que ele me vê.

V.F.: Quer dizer que pela falta de liberdade, de expor suas opiniões e pensamentos você é polêmico desde criança?

R.C.: Não. Eu nunca fui polêmico.

V.F.: E esse Raminho falante, decidido a defender ou a acusar, que as pessoas comentam, ele não é polêmico?

R.C.: As pessoas comentam sobre mim quando apresento o normal diante o anormal, aí muitas vezes se cria um impacto, certa confusão, uma polêmica. Porque a polêmica é muito próxima da verdade. Tipo alguém namora alguém e houve uma traição, existe uma repercussão, um burburinho, uma polêmica. Sou polêmico por falar coisas que eu penso, digo e levo a conhecimentos das pessoas.

V.F: Você não se acha polêmico. Então é verdadeiro?

R.C.: É muita pretensão minha dizer que eu sou verdadeiro. Pois eu acho que as pessoas não são 100% verdadeiras. Todo mundo tem um personagem, uma máscara, todos se escondem de trás de um cobertor, se enrola em uma cortina. Eu sou transparente naquilo que eu acredito.

V.F.: Raminho tem máscara ou máscaras?

R.C.: Eu tenho vários personagens e sou apaixonado por todos

V.F.: Você usa seus personagens no carnaval?

R.C.: Não. Os personagens são para o dia a dia, o carnaval é fantasia, a liberdade, a extravagância, a liberação, o sair do armário pra muita gente. As moças e rapazes saem do armário e assumem sua identidade sexual, esportiva, revela gostos. O carnaval apresenta fantasias e revela as fantasias humanas.

V.F.: Qual a diferença para Raminho do personagem e da fantasia?

R.C.: O personagem é aquele que você incorpora com as pessoas que você se relaciona. Eu não posso ter o mesmo comportamento com meus filhos e com a pessoa que me relaciono. O carinho, o afeto, a cumplicidade são em dosagens diferentes. Ás vezes quando pai ou orientador precisamos ser ásperos na forma de impor ideias, pois conceito, cada um forma o seu.

V.F. Você convive com pessoas de diferentes realidades, como é conviver com elas?

R.C.: Numa boa. Eu trato cada uma da maneira que ela me trata. Se ela é digna do meu afeto, vai ter o meu afeto. Mas se ela me solta um palavrão, vai ter um palavrão. Não é olho por olho, dente por dente. É simplesmente retribuir o que recebemos. Eu prefiro retribuir gentileza, porém quando a grosseria vier você pode ser grosso até no seu silêncio ao ignorar tal grosseria.

V.F.: Você disse que carnaval revela gostos. Qual seu gosto musical?

R.C: Quem me conquista é o Rock Pop. O rock é a liberdade, ele joga pra fora aquilo que você pensa, imagina, materializa suas crenças. O rock pra mim é sagrado. Mas eu também gosto de reggae, músicas regionais e culturais, eu gosto é de cantar. Gosto de cantoria de viola, do maracatu. Eu não gosto é dessas músicas de ostentação, elas tem seu valor comercial, mas não o cultural e artístico. Elas desenvolvem uma sexualidade fácil, e aí eu tenho certo preconceito em relação a certas coisas. Porque Raminho Coiffeur também é um cara preconceituoso.

V.F.: Quer dizer que Raminho Coiffeur é um cara preconceituoso?

R.C.: Sim. Tem várias coisas que eu ainda não formei conceito. Nem a lei obriga ninguém a ser ou deixar de ser preconceituoso. Pague pelos seus erros. Mas meu preconceito é em relação a alguns tipos de músicas, a ostentação, só que eu respeito e acho até divertido. Quanto à música apenas não paro para escutar.

V.F.: Você gosta mais do dia ou da noite?

R.C.: Da noite. O silêncio da noite te responde certas perguntas. Você deita e deixa tua imaginação correr, você escreve. A noite é massa, ela conversa muito com o Raminho que faz fala com Raminho que pensa e isso dá um resultado muito positivo.

V.F.: E como é o ego de Raminho Coiffeur?

R.C.: É aceso quando acorda e quando deita, Nós temos que ter ego, ter vaidade e precisamos acreditar no nosso potencial, não nos deixar abater por nenhuma circunstância ou perder o controle da situação.

V.F.: E para você, quando perdemos o controle da situação?

R.C.: Quando, por exemplo, usamos a nossa verdade para massacrar o outro e deixamos feridas, mágoas, ou revolta, e isso é ruim. É por isso que o Raminho que faz e o Raminho que pensa tem que estar em harmonia para não perder o controle da situação.

V.F.: E esse Raminho harmonioso já fez muita coisa?

R.C.: Já fiz muita coisa por necessidade. Eu fui balconista, ajudante de cozinha e cozinheiro, atendente, costureiro, pintor, desenhista, cabeleireiro, fiz teatro, radialista e agora blogueiro. Não sou profissional de mão cheia em nada, mas aprendi muita coisa.

V.F.: Você gosta de política?

R.C.: Muito. A política é uma arte que está presente em todos os seres. A política na essência da palavra. A politicagem, a política pequena ou a política mesquinha, eu não gosto. Mas a política da articulação, da movimentação, da reciprocidade, das conquistas e dos valores, é extraordinária, é muito interessante.

V.F.: O que é a paternidade para você?

R.C.: O acaso. Ser pai na vida de muitas pessoas é um acaso. Porque nós não estamos preparados para ser pai. A sociedade, a igreja não prepara as pessoas. Tem muito discurso sobre a família. E por isso tem muita gente infeliz dentro de casa, muitos pais e filhos amargurados, sofridos, se arranhando constantemente. Uma família desequilibrada é um ato de violência. Pra mim, ser pai é deixar a vida de seu filho fluir com muita responsabilidade, liberdade e informação, isso é a base.

V.F.: E Raminho Coiffeur amigo?

R.C.: É um chato na amizade cotidiana. Quantas pessoas na sua família são sua amiga? Eu tenho uma irmã que é chata, ela pega no pé, agente discute muito, mas ela é minha amiga, temos amor, respeito, cuidado um pelo outro, e isso é amizade, Tenho poucos amigos, muitos conhecidos. Precisamos de amigos verdadeiros para encontrar certos caminhos. Eu não tenho nenhum amigo de ontem, tenho amigos de muito tempo.

V.F.: Qual sua visão sobre filantropia?

R.C.: A filantropia tem que existir. Tem que praticar, ajudar e se entregar filantropia. Agora você tem que observar os valores dessa prática. Educar é o papel do estado, orientar da família e agregar valores a igreja. O ser filantrópico não pode querer consertar o mundo, e sim, a si próprio e dá o exemplo.

V.F.: Você gosta de comer fora de casa ou não?

R.C.: Tanto faz, eu gosto é de comer. E gosto de comer em qualquer lugar. Gosto de sarapatel no meio da feira, caldo de cana, lasanha, algodão doce. Eu não gosto é de está com fome, sentir fome. E o banquete vai de acordo com o que estiver na sua frente. Acho tudo gostoso, tudo é bom quando feito com carinho e boa vontade.

V.F.: A verdade.

R.C.: A verdade machuca muito. Mas é essencial em todos os sentidos

V.F.: O silêncio.

R.C.: O silêncio deve ser usado estrategicamente na hora conveniente para não se perder o controle da situação. Não o silêncio depressivo ou o silêncio triste. O silêncio é ideal para uma reflexão ou um estado de defesa.

V.F.: Um recado para todos através do blog ValériaeVocê.

R.C.: Vivam. Sejam vocês mesmos. Quando acordar ou quando estiver dormindo. Só você sendo o que realmente é, vai conseguir apresentar a sua essência verdadeira. E você tem a obrigação de ser uma pessoa feliz, e você não consegue ser feliz se estiver mascarado. Viva seus personagens, mas não esqueça que nenhum deles pode ter máscara. Personagem é personagem e nunca um mascarado.

Valéria de Fátima


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